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Nas Políticas Públicas de Turismo, precisamos de Gestão Técnica e Avanços Consistentes.

Atualizado: 28 de jan. de 2021

A propósito do anúncio do Programa Investe Turismo feito pelo Ministério do Turismo (MTur), no último dia 28/05/19, me lembrei das várias políticas e programas lançados por este órgão federal nas últimas duas décadas.


É inacreditável como, governo após governo, o modus operandi é o mesmo: Desconstrução do que havia sido feito, estabelecimento de metas (inalcançáveis), formulação de novas políticas e programas (de cima para baixo e sem interlocução com a sociedade), anúncios de investimentos e nenhuma verificação de resultados.


A cada troca de governo, esse ciclo vicioso se reinicia.


Dentre as metas estabelecidas no Plano Nacional de Turismo, a mais destacada e divulgada é, como sempre, a de atração de turistas estrangeiros, “12 milhões de turistas por ano”.


O contraste deste destaque com o que vivenciamos no Brasil, me lembra da frase “Um lugar só é bom para o turista, quando é bom para o seu morador”, muito repetida nos encontros de capacitação do finado Programa Nacional de Municipalização do Turismo.


A realidade é que vivemos no Brasil graves problemas de segurança, infraestrutura e saúde pública que falam muito mais alto ao público estrangeiro do que campanhas de marketing do “Destino Brasil” ou como veiculado pelo MTur “o programa também possibilitará a entrega de um Plano Integrado de Posicionamento de Imagem do Brasil”.


Vejamos números capazes de assustar e afastar potenciais turistas do Brasil:


- Em 2018, foram registrados 51.589 assassinatos, segundo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

- Jogamos 5,2 bilhões de metros cúbicos por ano de esgoto não tratado na natureza. Uma boa parte disso vai parar nas orlas de destinos litorâneos que integram o programa Investe Turismo.

- Anualmente, enfrentamos pelo menos uma epidemia séria em âmbito regional ou nacional. Este ano, o Ministério da Saúde já contabilizou mais de 700 mil casos de dengue.

- 40 mil mortes por ano no trânsito, grande parte delas em rodovias estaduais e federais que levam aos destinos turísticos das rotas incluídas no Programa do MTur.


Tendo em vista este cenário e voltando a meta de captar 12 milhões de turistas estrangeiros por ano, é importante lembrar que muito já se gastou em promoção internacional, aproximadamente R$ 40 milhões a cada ano. No entanto, nunca se chegou perto da meta anterior de 10 milhões de estrangeiros. O recorde brasileiro é de 6,6 mi visitantes em 2019.

Soma-se a isso que, entre 2008 e 2017, a entrada de turistas estrangeiros no Brasil cresceu 30%, enquanto a média mundial cresceu 42%, apesar de todo o investimento feito pela EMBRATUR.


Não diminuo a importância da busca por estrangeiros no Brasil, divisas trazidas ao país e outros impactos positivos para a economia, mas precisamos, além de corrigir problemas que afastam os turistas daqui, melhorar a eficiência do Ministério e sua atuação.


O ideal para o MTur seria romper a gestão viciada de desconstrução-reformulação -nenhuma verificação, e adotar métodos eficientes de gestão.  


Ao implantar avaliações técnicas e objetivas dos recursos já investidos, seria possível entender os motivos da baixa efetividade da ação do Ministério em relação ao cumprimento das suas metas.


A partir daí seria possível promover mudanças e melhoria contínua dos programas, projetos e investimentos, ao mesmo tempo que impulsionaria a continuidade de projetos assertivos ao desenvolvimento do turismo.


A quebra do ciclo vicioso levaria a melhoria dos processos de gestão pública fazendo do MTur um órgão mais ágil, objetivo, transparente e eficaz.


Assim, estariam dadas as condições para a elaboração de um planejamento de bases sólidas para fundamentar a atuação positiva e de longo prazo do MTur em benefício do turismo nacional.


Fontes:


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