Análise técnica, visão de longo prazo, economicidade, otimização de recursos, desenvolvimento sustentável, gerenciamento por diretrizes e por projetos, indicadores de desempenho são conceitos amplamente ligados à iniciativa e privada, mas ainda distantes da gestão pública do turismo no Brasil.
Felizmente, há um instrumento que permite a amarração de todos estes conceitos de maneira integrada e propositiva, o Plano Municipal de Turismo (PMT).
O PMT é um norteador da gestão e desenvolvimento da atividade turística para os Municípios e deve estabelecer os caminhos a serem percorridos para o alcance dos objetivos e metas.
Atualmente, os Planos Municipais de Turismo tem sido utilizados como requisito básico para a inclusão dos municípios junto a políticas públicas que permitam o repasse de recursos estaduais e federais.
E como montar um Plano Municipal de Turismo?
A elaboração dos Planos Municipais de Turismo normalmente é fomentada pela administração municipal, mas é fundamental que todo o Sistema Municipal de Turismo seja convidado a contribuir com o desenvolvimento.
O PMT deve ser construído de maneira técnica e também colaborativa com participação ampla de iniciativa privada, sociedade civil e poder público. Nesse momento, os Conselhos Municipais de Turismo são determinantes para garantir participação social e para construção de estratégias de longo prazo que ultrapassem as mudanças de gestores municipais.
Existem vários modelos para a construção do PMT, neste artigo é proposto um modelo simplificado em 4 etapas e possível de ser implementado em municípios de escalas populacionais e territoriais diversas.
Etapa 1: Diagnóstico Estratégico
A partir da constituição de um grupo significativo de atores do turismo e sociedade civil, deve-se partir para a observação e análise da realidade local, em trabalhos de campo, encontros, reuniões e debates.
Nesta etapa serão feitos os levantamentos e análises referentes à fatores dos ambientes interno e externo ao Município:
- demanda turística atual e potencial;
- oferta turística local;
- infraestrutura básica e dos serviços gerais;
- quadro institucional;
- aspectos políticos, econômicos, sociais, tecnológicos, ambientais e legais diversos;
Ao fim, é consolidado o Diagnóstico Estratégico que deverá demonstrar uma fotografia clara da realidade da atividade turística local a qual fundamentará a elaboração da próxima etapa.
Etapa 2: Direcionamento Estratégico
Nesta etapa serão estabelecidos o cenário desejado a alcançar com o trabalho, as diretrizes, os objetivos e as metas do Plano.
Não há obrigatoriedade ou regra que estabeleça a abrangência de tempo de um PMT, mas é recomendável que o período determinado ultrapasse trocas de mandado de forma a contribuir para continuidade da estratégia.
É importante destacar que o PMT deve estabelecer como premissa básica a integração entre estratégia e execução, ou seja, todos os projetos e ações propostos deverão estar diretamente relacionados ao alcance das metas do Plano.
Etapa 3: Programas e Projetos
As diretrizes estabelecidas orientarão a definição dos Programas os quais agruparão os projetos e ações por área de atuação.
Em conformidade com o exposto na etapa anterior, será fundamental que todos os projetos e ações sejam entendidos como uma pequena parte da edificação do cenário desejado e do alcance das metas estabelecidas.
Nesta etapa também é necessário definir responsabilidades, orçamentos e fontes de recursos, bem como os prazos de execução para cada projeto.
Etapa 4: Monitoramento
Para que se tenha clareza de que os esforços empregados gerarão os resultados esperados será preciso monitorar em tempo real todos os desdobramentos dos projetos e ações propostos.
Para tanto, é indicado que sejam criados indicadores de resultados do turismo local.
Os indicadores são métricas comparativas que possibilitam avaliar a evolução, desempenho, qualidade e percepção da atividade turística.
A partir do uso de indicadores a governança local terá clareza se a direção do trabalho está correta ou se há necessidade de alteração da rota para correção de problemas. Os indicadores fornecem, ainda, transparência para o cidadão e órgãos de controle.
Por fim, há que se destacar que, se conduzido de maneira técnica e criteriosa, o Plano Municipal de Turismo será um instrumento eficiente para a consolidação da atividade turística local de forma responsável em relação aos requisitos sociais, ambientais e econômicos do desenvolvimento sustentável.
Se você tiver dúvidas ou apenas quiser sobre desenvolvimento do Plano de Turismo do seu Município, fale com a gente.
Veja mais sobre o assunto neste vídeo: https://youtu.be/AYK_KBNz1ys
André Viana de Paula
Consultor em Turismo e Desenvolvimento Local
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